Falta de transparência, encerramento de projetos, funcionários trabalhando sob pressão e irregularidades administrativas estão afastando a comunidade do Abrigo João da Silva Santarém, lar de aproximadamente 80 idosos em Buritis.

A instituição passa por uma situação tão séria a ponto de se encontrar sob intervenção do conselho representante da Sociedade São Vicente de Paulo de Formosa-GO.

O então presidente José Batista Júnior foi afastado de suas funções e um interventor foi nomeado em seu lugar. Alguns meses após o início da gestão de Júnior o abrigo passou a ser alvo de denúncias e vem assistindo as doações minguarem.

Além do cancelamento do projeto “Padrinho dos Internos”, voluntários e entidades que tradicionalmente apoiam o abrigo, como o Rotary Club, Sindicato Rural, Câmara de Vereadores e muitos comerciantes se afastaram das ações e campanhas da instituição.

Pressão psicológica
Segundo testemunhas que presenciaram o dia a dia do abrigo, o ambiente de trabalho era desagradável. “No final do expediente parece que saíamos de uma cadeia, o abrigo está parecendo um depósito de idosos devido ao descaso”, relatou um ex-funcionário.

A ex-presidente do Conselho Fiscal do abrigo disse que uma funcionária surtou devido à grande pressão no trabalho. “Existem funcionários oprimidos e com problemas psicológicos tomando medicamentos para depressão”, completou. Pelo menos dez funcionários pediram demissão no período.

Transparência
A falta de transparência com o uso do dinheiro e a ausência de prestações de contas mensais também deixam indignados quem sempre apoiou o abrigo. “A situação da entidade é crítica, devido a falta de uma administração séria. A comunidade e os grupos que ajudam não estão mais dispostos a ajudar devido a falta de transparência. Foi anunciado na rua que o abrigo estaria fazendo uma campanha de alimentos mas não apareceu nenhum voluntário”, lamentou uma antiga colaboradora.

Uma empresa de auditoria independente emitiu um parecer adverso sobre as contas do abrigo. Segundo o documento, a administração não apresentou demonstrações financeiras, fluxo de caixa, notas e documentos necessários, independente se causada por fraude ou erro. “Acreditamos que a evidência de auditoria obtida é suficiente e apropriada para fundamentar nossa opinião adversa”, argumentou a contadora Maria Teixeira Benedito, responsável pela auditoria.

Com a intervenção, familiares de idosos e grupos que sempre apoiaram o abrigo agora enfrentarão uma luta para reconquistar a credibilidade da instituição perante a sociedade e quitar dívidas acumuladas que alcançam mais R$ 100 mil.