O Ministério Público Eleitoral (MPE) apresentou parecer na noite de ontem (16) em uma ação movida pelo partido Podemos, que apura quatro episódios de suposto abuso de poder econômico e compra de votos nas eleições municipais de 2024 em Buritis. A promotoria considera que a ação deve ser parcialmente procedente, opinando pela cassação de mandatos e a inelegibilidade de alguns investigados, ao mesmo tempo em que recomendou a absolvição de outros. 

Segundo o documento, Salvador Teixeira Mariano, atual secretário de Administração e braço direito do prefeito eleito Rufino Folador, ofereceu R$ 3 mil – valor que poderia dobrar para R$ 6 mil – para que a pré-candidata Vânia Reis desistisse de concorrer. O objetivo era desestruturar a chapa adversária. Gravações autorizadas judicialmente registraram a entrega de R$ 1 mil em espécie, depois apreendidos pelo MP. O órgão concluiu que Salvador praticou abuso de poder econômico e recomendou sua inelegibilidade. Também entendeu que o prefeito Rufino tinha conhecimento e anuência da conduta, pedindo sua cassação e inelegibilidade. A vice-prefeita Nilvia Prisco, embora não tenha participado diretamente, também foi incluída na cassação por ser beneficiária da chapa.

O segundo episódio envolveu Salvador Mariano e o vereador Roberto Lamounier Teixeira, o Robertinho, que teriam entregue R$ 1.750 e camisetas de campanha a uma eleitora, com a promessa de mais vantagens em troca de votos. A acusação incluía ainda Edna Jacinto Santana, que teria oferecido pagar contas de água e luz em troca de apoio. O MP avaliou que as provas eram frágeis e que não havia elementos suficientes para confirmar compra de votos. Por isso, recomendou a absolvição de Roberto e Edna.

O vereador Harley Fabiano Prisco foi acusado de autorizar a entrega de tijolos e sacos de cimento a um eleitor, além de transferir R$ 290 para custear o combustível de uma eleitora que viria de Goiás para votar. Para o MP, as provas foram consistentes e demonstraram captação ilícita de sufrágio. Por isso, defendeu a cassação do mandato de Harley.

Em outro episódio, Harley também teria oferecido, junto da vice-prefeita Nilvia Prisco, a quantia de R$ 432 a uma eleitora identificada como Daiana. Segundo a acusação, Nilvia teria feito ainda pequenos repasses por meio de sua filha. O Ministério Público, contudo, avaliou que os depoimentos eram contraditórios e que não havia provas seguras do envolvimento de Nilvia, recomendando a absolvição dela nesse caso específico. Para Harley, entretanto, o episódio foi considerado como reforço das condutas ilícitas já reconhecidas.

Com base nestes quatro fatos, o Ministério Público opinou pela cassação dos mandatos de Rufino Clóvis Folador (prefeito), Nilvia Prisco Damasceno de Moura (vice) e Harley Fabiano Prisco (vereador), a inelegibilidade de Rufino e Salvador, e a absolvição de Roberto Lamounier Teixeira e Edna Jacinto, além de Nilvia em relação ao episódio envolvendo a eleitora Daiana.

O processo agora aguarda decisão da Justiça Eleitoral.

A redação do Mais Buritis entrou em contato com os envolvidos. Salvador Mariano disse “respeitar o parecer do Ministério Público, que é o órgão que faz a acusação. Mas reforçamos que a eleição foi feita de forma democrática e que os fatos investigados não mudaram o resultado. Essa investigação ainda não foi julgada por nenhuma instância, e durante a eleição não teve nenhum pedido de impugnação. O mandato segue normalmente e acreditamos na Justiça.”

O prefeito Rufino Folador e a vice-prefeita Nilvia Prisco não responderam até o momento. O vereador Harley Prisco e o vereador Robertinho disseram que preferem não se pronunciar acerca do parecer o Ministério Público. O espaço segue aberto para manifestação dos envolvidos.