Após estiagem prolongada a produção de grãos em Buritis-MG diminuiu drasticamente. Quarto produtor de grãos no estado de Minas Gerais, a cultura de milho foi a maior atingida, com perda de quase 90% do plantio safrinha, cultivado entre os meses de fevereiro e maio, período que passou praticamente seco, com chuva de apenas 86mm no mês de fevereiro.

No último levantamento realizado pela Empresa de Assistência Técnica e Expressão Rural de Minas, a EMATER-MG, a produção municipal de milho no último ano foi de 67 mil toneladas e estima-se que neste ano a queda será de 33%, uma redução de cerca de 22,5 mil toneladas de milho. No plantio de verão o produtor rural que colhia 150 sacas por hectare, neste ano não chegará a 20.

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Outro fator que prejudica o plantio são as pragas. Segundo o representante comercial agrícola Claudimar Nunes Pereira, quanto maior o calor mais rapidamente elas se proliferam e se alastram nas plantações. “Além da seca que tira boa parte do produto de circulação comercial, o produtor precisa enfrentar pragas, como a cigarrinha do milho que transmite viroses, comprometendo o desenvolvimento da planta”, informou.

Impacto

A maior concentração de plantações estão nas chapadas ao redor do município. O produtor rural Aldori Bortolon faz a medição do índice pluviométrico da região anualmente e já temia pela estiagem. “Planto 450 hectare na colheita safrinha e este ano investi em apenas 125 quando percebi a falta de chuva. São 60% a menos que o normal de produção”, comentou.

IMG_2703O produtor Elton Antônio Demeneghi afirmou que “dos hectares plantados de milho, perderei 100% da produção”. O também produtor Ubyratan de Almeida confirmou que para não descartar totalmente o plantio, fez silagem para alimentar o gado. Segundo ele essa “foi a alternativa encontrada para não ter uma perda total da safrinha”.

De acordo com os dados apresentados pela EMATER-MG, os produtores regionais terão prejuízo de 122 mil toneladas de milho. Essa queda também se deve ao alto custo de plantio do grão, o que acarreta uma série de prejuízos no comercio local.

O milho é o principal componente da ração animal bovina, suína e de aves. A falta do grão aumenta o custo alimentício dos animais e dos seus derivados. Um exemplo disso são os derivados lácteos, que sofreram uma queda de 20% em sua produção no município, segundo o gerente de produção do laticínio de Buritis, Márcio Bozza. Quem acaba percebendo essa diminuição produtiva é o consumidor, que está pagando R$ 3,99 por litro de leite.

Expectativa

O período de plantio comunga com o da chuva, que nos últimos 10 anos teve uma redução expressiva. A esperança do agricultor é que as temperaturas começaram a baixar, uma indicação da aparição do fenômeno La Niña, que poderá aumentar o nível de chuva na região.

IMG_2720O engenheiro agrônomo Vitor Hugo Apolinário explicou que as chuvas passam por ciclos alternados e que no último foi o mais seco. “Na tabela pluviométrica realizada pela Fazenda São José em 2006 choveu na região 2 554mm, o maior índice dos últimos 10 anos. A expectativa é que com o La Niña, este ano agrícola possa retomar a produtividade natural do município” afirmou o agrônomo.

Além das mudanças climáticas, a valorização dos sacos do grão contribuiu na conta final do produtor. Como a quantidade de milho diminuiu no mercado, o preço para o saco aumentou. Segundo o representante comercial Claudimar, a média do saco é de R$ 21. “Este ano o produtor já conseguiu vender o saco por R$ 45” ressaltou.

Fotos: Rayssa Campos